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A importância do planejamento financeiro para clínica médica

Elaborar um bom plano de negócio é o ponto de partida para o sucesso de um empreendimento, e isso é válido para a montagem de uma clínica médica. Avaliar os riscos, o perfil da clientela, o plano financeiro, entre outros dados essenciais, possibilita uma visão consistente das metas que se deseja alcançar. Todas as informações são importantes, porém, a gestão financeira é considerada a estratégia que consolida o negócio. “Sem uma boa estrutura financeira, o sucesso não é tão garantido”, afirma o administrador especialista em gestão hospitalar Nilton Angelo Lorandi. Com larga expertise conquistada em décadas de trabalho na área médica, o gestor Lorandi ajuda no entendimento sobre o importante tema Planejamento Financeiro, na entrevista que concedeu à revista digital Notícias Médicas.

É essencial fazer um planejamento financeiro na hora de criação de uma clínica médica?

Fazer um bom planejamento financeiro é o primeiro passo na montagem de qualquer empresa; porque sem uma boa estrutura financeira, o sucesso do não é tão garantido. Aliás, o planejamento financeiro deve ser criterioso não só na hora da criação, mas também no decorrer das atividades da operação, e isso é válido para qualquer tipo de negócio, ou seja, é preciso ter um aporte financeiro para iniciar e depois é preciso obter resultados para a saúde do empreendimento, do contrário fica difícil sobreviver. Isso é o básico.

Quais são as principais considerações financeiras que o médico deve ter em mente?

A receita sempre tem que ser maior que as despesas. Simples assim. Não existe uma fórmula mágica. E muitas vezes as pessoas não levam isso em consideração. Mas é preciso entender que não tem como sobreviver quando as despesas superam a receita, nessa condição, é uma questão de tempo para não dar certo. No início, logo após a abertura da empresa, é possível até aceitar a hipótese de um pequeno prejuízo, porque ainda há a expectativa de que as coisas vão virar, você ainda está conquistando o nicho de mercado que foi definido etc. Todavia, isso só é admissível durante os primeiros meses de atividades, sendo que o desempenho deve ser acompanhado com muita atenção para não ser surpreendido.

Diante disso, no momento da elaboração do plano de negócios, seria prudente reservar um capital suficiente para garantir o desenvolvimento da empresa até ela começar a dar lucros? 

Com certeza é necessário ter uma reserva financeira capaz de equilibrar as contas numa possível situação de as despesas serem maiores que a receita no início da operação, cerca de três meses ou um pouco mais; no entanto, é importante estimar o tempo que terá reservas para trabalhar no prejuízo, porque não dá para gerenciar um negócio simplesmente com expectativas, do tipo vamos ver o que vai acontecer lá na frente e, desse modo, ir tocando. Não se pode deixar uma clínica na informalidade, sem controles, sem fazer um controle de caixa. Por isso, na minha visão, é de suma importância a contratação de um escritório contábil, que se encarregará de fazer o balancete e apresentar os resultados ao proprietário que fará a avaliação do desenvolvimento do negócio.

Significa que não é indicado o próprio médico conduzir as finanças de sua clínica?

Com a minha experiência profissional de muitos anos trabalhando no segmento da saúde, acredito que é aconselhável o médico contratar um profissional que entenda sobre movimentação financeira, porque é preciso ter expertise na área, o que muitos médicos não tem. Só para entender um pouco, sem ser muito técnico, existem duas formas para controlar a movimentação financeira de uma empresa: Regime de Caixa e Regime de Competência. O primeiro registra a entrada e saída do dinheiro no momento do acontecimento; já o segundo possibilita a visualização das receitas e despesas futuras, como recebimento dos honorários médicos pagos pelos convênios, no caso de uma clínica médica, pagamento de férias e 13º dos funcionários, entre outras entradas e saídas. Apesar de diferentes resultados, os dois processos são importantes para a administração de uma clínica médica. Enquanto o Regime de Caixa ajuda a manter os pagamentos em ordem, ou seja, a não estourar a conta bancária e, consequentemente, entrar no cheque especial, com juros altos, o Regime de Competência fornece uma visão da “saúde” do empreendimento e suas perspectivas a longo prazo, pois possibilita identificar as transações passadas e futuras. E a verdade é que percebemos que muitos médicos são resistentes a controles financeiros. Em suma, vemos excelentes médicos em suas especialidades que, às vezes, negligenciam a parte financeira e acabam tendo sérios problemas financeiros. Muitas clínicas e até hospitais fecham as portas por uma questão de falta de administração, por falta de controle financeiro. Enfatizo, é necessário o conhecimento e o tempo adequado de dedicação que cada área administrativa de uma empresa exige, do contrário, é um risco para a saúde do investimento.

Mesmo em clínicas de pequeno porte é indicado ter um profissional especializado para gerenciar as finanças?

Obviamente que quanto maior for a clínica mais essencial é ter um profissional ou mesmo um escritório especializado na área financeira. No entanto, as clínicas pequenas também não podem descuidar dessa parte essencial do funcionamento. Além do conhecimento da área financeira, o profissional especializado tem softwares e ferramentas para um bom planejamento e gerenciamento financeiro. Independentemente do tamanho, se a empresa for mal, o reflexo recai na vida pessoal do médico.

Muitos empresários misturam as finanças pessoais e empresariais. Como o senhor analisa essa questão?

É muito complicado quando as finanças pessoais ficam misturadas com as da empresa, uma prática muito comum quando o negócio é gerenciado pelo próprio médico. Nessa situação, eu diria que é quase impossível manter o controle financeiro da operação, dimensionar a margem de lucro da clínica ou mesmo criar um fundo de reserva para situações desfavoráveis. Os controles devem ser separados, impreterivelmente. O ideal é que o médico proprietário receba um pró-labore, ou seja, um salário estipulado. Separar as contas é uma conduta válida até para o médico que trabalha em três ou mais lugares.

Também é importante saber lidar com as flutuações de mercado e manter as finanças seguras em tempos de crise?

Nesse caso, acredito ser importante ter um profissional de confiança ligado a uma instituição financeira, como um banco, para a melhor aplicação de acordo com o perfil do investidor, que pode ser conservador, moderado etc.  Na minha visão, é preciso ter uma reserva para um momento de necessidade. As contas não podem ser tipo entrou 10 eu gasto 10. Se isso é inimaginável nas finanças pessoais, imagine na administração de uma clínica. É preciso ter um fundo de caixa, e isso não é só para enfrentar uma possível situação de crise, mas também para pagar as contas futuras. Muitas empresas fazem mensalmente uma reserva baseada em uma parte do salário dos funcionários para fazer frente às despesas de férias, 13º e demissões. Nessa última condição, é necessário ter em mente que o desligamento de um funcionário de cinco ou mais anos de empresa sai muito caro. Então, um bom gerenciamento deve prever o provisionamento para essas situações. E esse fundo de caixa ficar parado na conta, sem render nada, não é a melhor escolha. 

Nilton Angelo Lorandi: Carreira consolidada em 45 anos de atividades no seguimento hospitalar e área de saúde, tendo atuado em TI, Diretoria Administrativa/Financeira e CEO de hospitais e planos de saúde públicos e privados, de médio/grande porte e de média e alta complexidades.

FORMAÇÃO ACADÊMICA: Economia no IMES – São Caetano do Sul, 1975 – 1979. Sistema de Informação no Instituto Mauá de Tecnologia, 1980. MBA em Gestão Empresarial-Administração, 2001-2002, e em Gestão Hospitalar, 2004-2005, ambos na Fundação Getúlio Vargas-SP. Conselho de Administração, 2008, e Conselho de Administração Empresas Familiares, 2009, ambos no Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

ATIVIDADES PROFISSIONAIS:

Diretor Geral do Complexo Hospitalar São Bernardo do Campo, de 01 a 05 de 2017. Responsável pelas áreas administrativa e financeira do grupo, composto por 4 hospitais públicos, com atendimentos de média/alta complexidade.

Superintendente do Hospital e Maternidade Christóvão da Gama, de 01/2015 a 05/2016. Hospital geral de alta complexidade, em Santo André.

Diretor Administrativo do Hospital Mario Covas, de 01/2013 a 06/2014. Hospital geral de média/alta complexidade, em Santo André, vinculado ao governo do estado de São Paulo.

Presidente do Grupo Carlos Chagas, de 05/2011 a 11/2012. Grupo hospitalar composto por dois hospitais, plano de assistência médica, plano odontológico e Medicina do Trabalho, em Guarulhos.

Presidente do Hospital Nossa Senhora de Lourdes, de 11/2010 a 05/2011. Grupo composto por dois hospitais, lavanderia hospitalar e plano de saúde, em São Paulo.

Superintendente do Hospital e Maternidade Brasil, de 05/1986 a 11/2010. Hospital de alta complexidade, em Santo André.

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