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Líderes de todo o estado participam de encontro da Associação Paulista de Medicina

Temas de política médica, educação, sustentabilidade das Regionais e associativismo foram debatidos

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Diretores da Associação Paulista de Medicina, conselheiros fiscais e representantes das Regionais e da Comissão Especial de Médicos Jovens da entidade estiveram no 7º Encontro de Líderes da APM, em Águas de São Pedro, entre os dias 5 e 7 de setembro. “Agradeço o esforço de todos em virem a este evento, alguns de localidades bastante distantes. Temos quase 90% das Regionais presentes, e a representatividade da nossa Associação está cada vez maior”, afirmou o presidente da APM, Antonio José Gonçalves, na abertura oficial, ocorrida na sexta à noite.

Ele ainda mencionou a necessidade de se mudar o modelo associativo atual, trazendo as sociedades de especialidades, Regionais e Federadas para mais perto da APM e da Associação Médica Brasileira. “Na Associação Paulista de Medicina, temos os enormes desafios de viabilizar o Instituto de Ensino Superior, estancar definitivamente a sangria financeira causada pelo Hotel Fazenda e usar nossa capilaridade, que é a grande força da Associação, para estar cada vez mais perto dos médicos”, complementou.

Sendo São Paulo o grande centro do País em termos de tecnologia e Saúde, Gonçalves destacou a importância das lideranças do estado: “Este é um importante espaço de reflexão e construção coletiva”.O presidente da AMB, por sua vez, prestigiou o encontro e reforçou a parceria entre as instituições. “Conseguimos recuperar a Associação Médica Brasileira nos últimos cinco anos, não pelo trabalho de apenas uma pessoa, mas de todos que compõem o grupo. Fizemos as mudanças necessárias e conseguimos capitalizar a entidade ao ponto de podermos construir uma nova sede – que também contará com espaços locáveis para ajudar na sustentabilidade financeira da AMB. Vencemos as eleições em 2020 e em 2023 apoiados pelos médicos paulistas e não teríamos todas as conquistas do período sem a APM, que é uma parceira valiosa.”

Antonio José Gonçalves ainda apresentou, em primeira mão, o vídeo dos 95 anos da Associação Paulista de Medicina:

Política médica
Na sexta-feira (5) à tarde, foram realizados dois painéis, sobre Política Médica e Ensino e Atividade Profissional do médico. O primeiro debate foi presidido por Antonio José Gonçalves e teve como moderadores os diretores da APM Renato Azevedo Júnior (Comunicações) e Antonio Carlos Endrigo (Previdência e Mutualismo).

A primeira apresentação foi do presidente da AMB, que abordou a situação atual do Exame de Proficiência em Medicina. “A abertura indiscriminada de escolas médicas traz uma ideia equivocada para a população, de que formando mais médicos vai garantir boa e segura assistência, porém os profissionais malformados trazem riscos à segurança dos pacientes, riscos diagnósticos e terapêuticos, que comprometem prognóstico e tratamento, além de riscos jurídicos aos próprios médicos.

Ele fez uma alusão às pessoas quando vão tirar suas carteiras de motorista e aos pilotos de avião, que precisam passar por testes práticos para comprovar a capacidade de exercer a tarefa, não bastando apresentar um certificado de conclusão do curso. “A qualidade não é presumida, é comprovada nestes casos, porém na Medicina, basta apresentar o papel para obter o registro e iniciar os atendimentos. Muitos perguntam o que seria feito com os médicos que não passassem nos exames, e a única certeza que tenho é que quem não pode pagar o preço de forma nenhuma é o paciente.”

Em seguida, o diretor de Eventos da APM e 2º tesoureiro da AMB, Fernando Sabia Tallo, falou sobre o Programa Mais Especialistas. Ele citou algumas peculiaridades do Brasil, como o índice de 40% de médicos generalistas em atividade, e o processo de credenciamento de escolas e residências médicas ser de responsabilidade do Governo: “Isso não acontece em nenhum país ocidental do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, existe um órgão independente”.

Tallo – que integra a Comissão Nacional de Residência Médica – ainda destacou que apesar de a residência médica custar muito ao País, o residente brasileiro ganha R$ 15,25/hora, sem ter aumento na bolsa auxílio há três anos, e que os dados sobre a especialização ainda são muito falhos. Além disso, acredita que o valor destinado ao Agora Tem Especialistas e Mais Médicos Especialistas não seja suficiente, e que os programas não conseguirão aumentar a quantidade de residências na quantidade e com a qualidade necessárias.

Fechando o primeiro ciclo de apresentações, o diretor de Patrimônio e Finanças da APM e secretário geral da AMB, Florisval Meinão, explanou sobre os programas de especialização profissionais credenciados pelas sociedades de especialidades. “O Decreto 8.516/2015 foi uma grande vitória após forte mobilização da classe médica, pois conseguimos estabelecer que ‘o título de especialista é aquele concedido pelas sociedades de especialidades, por meio da Associação Médica Brasileira – AMB, ou pelos programas de residência médica credenciados pela Comissão Nacional de Residência Médica – CNRM’”.

Meinão enalteceu a contribuição do associativismo para a formação de especialistas no Brasil: “Trinta e três sociedades de especialidades já possuem programas e podem realizar provas de título, de forma que ainda existem 22 que poderiam criar. Acho absolutamente necessário ter mais especialistas no Brasil”.

Sobre as pós-graduações que estão se proliferando no mercado, com carga horária infinitamente menor do que a residência médica e normalmente com aulas teóricas e a distância, ele chamou a atenção para a quantidade enorme de programas que incentivam os alunos a buscarem a Justiça para poder exercer a especialidade, o que costuma ser acatado em primeira instância e derrubado em segunda instância. “Há ainda projetos de lei no Congresso Nacional tentando que estes pós-graduados tenham o direito de se intitular especialistas. A batalha da AMB para manter a prerrogativa do decreto é muito grande.”

Ensino e atividade profissional
O segundo painel da tarde de sexta-feira (5) foi presidido por Eduardo Vieira, diretor da 4ª Distrital da APM, e teve como moderadores Ana Cristina Ribeiro Zollner, delegada da Associação, e Gabriel Ramos Senise, diretor Geral da Comissão Especial de Médicos Jovens.

“Avaliação do ensino médico – graduação e residência” foi o tema da palestra do diretor Científico da APM, Paulo Pêgo Fernandes, que também é vice-diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Sobre a grande quantidade de generalistas em atividade no Brasil, normalmente atuando em plantões de hospitais e UPAs, ele enfatizou que os prontos-socorros são justamente os lugares de maior risco para se exercer a Medicina.

Em suas considerações finais, resumiu que a avaliação da formação médica se tornou estratégica para assegurar a qualidade do ensino e da prática profissional, uma vez que médicos bem formados significam mais segurança, melhores resultados clínicos e maior confiança social. “O desafio não é apenas avaliar, mas transformar a avaliação em instrumento de excelência assistencial e fortalecimento da Medicina no Brasil.”

Já o diretor adjunto de Previdência e Mutualismo da Associação, Clóvis Constantino, palestrou sobre a importância da participação do médico na vida associativa e o impulso da bioética. “Os médicos esquecem que são avaliados diariamente, pelos pacientes, outros profissionais, ouvidorias, canais de denúncia. E quanto mais precocemente forem avaliados, melhor serão avaliados no futuro. Avaliação é um item fundamental para o ser humano”, iniciou, a respeito do exame de proficiência.

Constantino trouxe um dado preocupante, de que somente 26% das faculdades de Medicina atualmente têm a disciplina de ética médica e bioética. “Antigamente, a escolha pela profissão era muito mais focada em traços vocacionais. E agora, a profissão médica é a que mais tem tido críticas de qualidade em meio aos muitos problemas que a área da Saúde como um todo enfrenta em relação à má assistência.”

Ele ainda destacou a necessidade de se mostrar para os jovens médicos que a vida associativa fortalece a profissão e amplia a reflexão crítica. “As decisões deixam de ser apenas individuais, possibilitam a formação de uma consciência ética coletiva e o compromisso com a sociedade e com a dignidade humana.”

O presidente da APM finalizou as apresentações do bloco, abordando a Demografia Médica. “A situação da Medicina e da formação está crítica em alguns lugares, precisamos dos dados para formular políticas públicas eficientes”, disse Antonio José Gonçalves.

A respeito da má distribuição de médicos pelo País, ele relembrou que é preciso trabalhar a questão da Carreira de Estado junto ao Congresso Nacional, ainda que os médicos não sejam unidos no parlamento. “Além da atuação em nível federal, estamos construindo um bom relacionamento com a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, e temos que criar um canal com os deputados estaduais, por região.”

APM, suas Regionais e a AMB
No sábado (6) pela manhã, o primeiro painel foi presidido pelo secretário geral da APM, Paulo Cezar Mariani, e moderado por Thereza Christina Machado de Godoy e Leandro Freitas Colturato, diretores da 1ª e da 8ª Distrital da Associação, respectivamente.

O presidente da APM fez a primeira apresentação, sobre a situação atual e os projetos da entidade. Em seguida, representantes das Regionais apresentaram cases de projetos de sustentabilidade: Juarez de Paula, presidente da APM Assis; Douglas Koga, presidente da APM Piracicaba; Péricles Bauab, conselheiro fiscal da APM Mogi das Cruzes; Leonardo Ramiro, presidente da APM Jales; e Eder Sousa, diretor da 11ª Distrital, representando a APM Ourinhos.

Em seguida, Mariani trouxe as propostas de integração associativas, contemplando as Regionais de São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Campinas. “O que a APM Estadual mais deseja é ter os associados, para fortalecer o associativismo e sua voz na sociedade.”

Defesa Profissional e Comunicação
No quarto e último debate do encontro, o diretor de Marketing da APM, David Alves de Souza Lima, foi o presidente, e o diretor de Comunicações, Marcos Cabello dos Santos, e o presidente da APM São Caetano do Sul, Thiago Cardoso, os moderadores.

O novo modelo de negociação com as operadoras de planos de saúde foi apresentado pelo diretor adjunto de Defesa Profissional da APM, Marun David Cury. “O Florisval [Meinão] me convidou para a Diretoria da Associação e disse que o objetivo era a CBHPM. Ainda não chegamos lá, e a situação não mudou muito com a Lei 13.003/2014, uma vez que o máximo que as empresas concedem é o valor do IPCA, e em muitas vezes frações do índice. Como já estávamos cansados do modelo das negociações, fomos buscar alternativas”, introduziu.

Ele destacou que a parceria com a Fiesp é extremamente importante, uma vez que eles destacaram um consultor de lá que orienta as empresas que compram os planos de saúde, e que entende muito do setor, para auxiliar a Comissão de Negociação dos Honorários. “Tanto que estamos realizando as reuniões com as grandes operadoras dentro da Fiesp. A APM e a AMB também contrataram um escritório especializado para trabalhar questões junto ao Cade e ao Ministério Público do Trabalho.”

Também estamos conversando com as Unimeds, pois é importante que elas entendam o que está acontecendo no mercado e procurem acompanhar: “A APM e a AMB não são contra as cooperativas, pelo contrário, sabemos que os melhores médicos que atuam hoje no mercado são cooperados em todo o Brasil. Sempre buscamos ter uma relação construtiva e queremos que as Unimeds progridam cada vez mais”.

Na sequência, o diretor adjunto de Marketing da APM, Walter Miyamoto, apresentou “A Comunicação como veículo de incentivo ao associativismo”. Ele trouxe os primeiros resultados do crescimento da presença digital da Associação, especialmente com o projeto Minuto APM e segunda temporada do APMCast, falou sobre a segunda fase, focada no aumento de associados, e trouxe seu case pessoal nas redes sociais.

Encerrando o painel, o presidente da Comissão do Médico Jovem da AMB, Zeus Tristão dos Santos, falou sobre como incentivar a participação do jovem médico no associativismo. “Nossos líderes precisam ser mais acessíveis aos jovens e entender o perfil dos médicos jovens. A feminilização da Medicina ainda não está contemplada na política médica, e devemos refletir se estamos oferecendo todas as condições necessárias a elas dentro das entidades.”

E encerrou sua participação: “O médico jovem precisa sentir que a sua voz tem valor e que seus desafios são compreendidos. A representatividade é a chave para isso. A voz deles precisa de eco. E o eco mais forte, o que realmente inspira e mobiliza, é um espelho. Que possamos olhar mais para fora com generosidade, e para dentro com honestidade – e que encontremos em vocês, ‘médicos velhos’, um espelho futuro para o que queremos construir, pois jamais atrairemos alguém para um propósito chamando esse alguém de alienado ou mesmo de incompetente, e sim chamando para construir junto!”.

Fechando os painéis, o presidente da APM destacou que a Diretoria está muito disposta a cumprir as tarefas reunidas aqui: “Estamos organizando mais encontros na Associação com os médicos jovens e queremos focar em soluções concretas para melhorar o associativismo. É muito importante trazer soluções para a sustentabilidade das Regionais e fortalecer a integração associativa. Não é uma crítica a ninguém, o processo foi acontecendo e agora precisamos solucionar, uma vez que o associativismo compreende as Regionais, a APM Estadual e a AMB”.

No sábado à tarde, Antonio José Gonçalves e Paulo Mariani participaram de reuniões individualizadas com os diretores Distritais e representantes das Regionais. O evento contou com patrocínios da Sisprime e SulAmérica Saúde.

Texto e fotos: Giovanna Rodrigues