Editorial da edição 173 da revista digital Notícias Médicas
Quando comecei a exercer a Medicina, há mais de quatro décadas, a relação entre médico e paciente era construída com tempo, confiança e presença. O consultório era quase uma extensão da casa — e cada nascimento que acompanhei me ensinou algo sobre a força da vida, da família e da escuta.
Hoje, vejo uma nova geração de médicos surgir com brilho nos olhos, mas também com desafios muito diferentes dos que enfrentei. A rotina hospitalar intensa, a pressão por produtividade, a avalanche de informações e a burocracia crescente muitas vezes minam o entusiasmo de quem escolheu essa profissão por amor.
É por isso que acredito que o associativismo nunca foi tão necessário. Em um tempo de tantas exigências e incertezas, precisamos de espaços seguros onde médicos possam compartilhar vivências, trocar conhecimento, acolher e ser acolhidos. As associações médicas não são apenas entidades de classe: são comunidades vivas que defendem uma Medicina ética, humana e sustentável — para todas as idades.
Engajar-se não é apenas “participar de reuniões”; é fazer parte de algo maior. É construir pontes entre gerações. Os mais experientes têm histórias para contar e valores para transmitir. Os mais jovens têm energia, visão de futuro e novos olhares. Juntos, somos mais fortes.
Convido aqui os jovens médicos a se aproximarem, a trazerem suas ideias, suas dúvidas e também sua esperança. E convido os veteranos a escutarem com humildade e acolhimento. Porque a Medicina é feita, sobretudo, de encontros — e o futuro dessa profissão será decidido por quem estiver disposto a construir com outros.
Seja bem-vindo. A casa é sua também.
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