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Covidamente: entrevista com a psiquiatra Profª Dra. Cintia Périco

Lançado em 10 de maio deste ano pelas Regionais do Grande ABC da Associação Paulista de Medicina, o programa COVIDAmente já apresenta um resultado preliminar de como está a saúde mental dos médicos do ABC frente à pandemia da COVID-19. Para dar um panorama geral, a revista Notícias Médicas falou com a psiquiatra Cíntia A. Marques Périco, uma das três médicas que coordenam a pesquisa. Acompanhe a entrevista!

Na atual situação de pandemia provocada pelo vírus SARS- CoV-2, os sentimentos e emoções negativas, como ansiedade e estresse, são comuns e extremamente danosas para a saúde mental e física. Qual o peso disso para os médicos, especialmente para aqueles que estão na linha de frente do combate ao covid-19?

A pandemia avassalou o mundo de forma arrebatadora, trazendo a morte para bem perto de todos nós. Embora os médicos possuam a premissa de lidar com a possibilidade da morte de um paciente, sabemos que este é o pior desfecho da atuação de um médico. O impacto das mortes por uma doença sem remédio conhecido, de pacientes de diferentes faixas etárias e ter que enfrentar principalmente o medo, medo da doença, medo de adoecer, medo de passar a doença para familiares, trouxe à tona a fragilidade do ser humano e quanto não possuímos total controle dos acontecimentos. O sentimento de fracasso, o trabalho extenuante e a falta de uma resolução a curto prazo trouxeram o cenário perfeito para desencadear ou aflorar um transtorno mental naquele individuo predisposto, sendo os principais Depressão, Ansiedade e Transtorno do Estresse Pós-traumático.

Nesse cenário, as três APMs Regionais do Grande ABC e a Clínica Facili lançaram no início de maio o programa COVIDAmente. Qual a importância desse programa para a classe médica?

O médico é um profissional estigmatizado como um super-herói, e como tal, imune a qualquer doença, inclusive aquelas que prejudicam a saúde mental. Nos últimos anos houve um certo olhar para esse tema, mas ainda são escassos os dados nessa área, no Brasil. Preocupadas como a saúde mental dos médicos, principalmente neste período de pandemia, as APMs Regionais do Grande ABC procuraram a Clínica Facili para, juntas, definirem uma forma de sensibilizar os médicos no sentido de eles olharem para si próprios. Esse processo não poderia ser apenas informativo, mas, sim, deveria permitir fazer um diagnóstico situacional da saúde mental do médico na Região do Grande ABC. Desse modo, surgiu o programa COVIDamente, lançado em 10 de maio. Em uma primeira fase, pretendemos obter dados, bem como sugerir e dar apoio ao médico que preencher critérios, em escalas autoaplicáveis, para um transtorno mental. Para então, em uma segunda fase, elaborarmos ações que promovam a saúde mental desse profissional.

A senhora poderia fazer um balanço dos resultados do programa até este momento?

Nas primeiras semanas do programa COVIDamente, já pudemos perceber que existe uma tendência de maior gravidade da doença na população pesquisada. Os médicos que preencheram as escalas autoaplicáveis e que pontuaram para gravidade moderada ou gravíssima, receberam um contato personalizado das três psiquiatras que conduzem a pesquisa. Isso levantou outro ponto interessante, que inclusive corrobora com o estigma de super-herói citado na primeira resposta, que foi o quanto esses médicos sentiram-se acolhidos e agradecidos com o nosso retorno. A sensação que tivemos foi que eles estavam surpresos por alguém se preocupar com eles.

COVIDAmente: respostas que salvam vidas!

Somente com a participação dos médicos é que teremos as informações necessárias

para poder oferecer apoio de forma efetiva

Entrevista publicada na edição 149 da revista Digital Notícias Médicas, da APM Santo André