FAÇA PARTE DA CASA DO MÉDICO           SERVIÇOS           SOBRE NÓS           APM NEWS           EVENTOS           REVISTAS           CLASSIFICADOS

menu

Às vésperas da 2ª fase do Revalida 2021, médicos temem flexibilização do exame

A segunda fase da edição 2021 do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) será aplicada em 18 e 19 de dezembro, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Além dos aprovados na primeira etapa, a novidade desta edição é que aqueles que reprovaram nesta mesma fase em 2020 estão aptos a participar da segunda fase atual, conforme mudança na legislação do Revalida ocorrida em 2019. Nessa atualização, se definiu que os candidatos que não passaram na segunda fase (prova prática) podem pular a primeira fase por até duas edições consecutivas.

Em 2021, foram 11.846 inscritos no Revalida e 6.026 aprovados na primeira fase. Ou seja, 50,9% dos participantes tiveram êxito, um índice muito maior do que os 17,2% de 2020. Entre 2011 e 2017, esse número da etapa inicial flutuou entre 9% e 42%, com exceção de 2015 – primeira edição em que a prova prática começou a ser realizada em mais de um local de aplicação – quando também ficou na casa dos 50%.

Desta maneira, são esperados mais de 7.300 candidatos para a segunda etapa do Revalida 2021, um crescimento exponencial (quase o triplo da quantidade das provas práticas anteriores), já que historicamente este número nunca foi maior do que 2.400 pessoas. Gerson Alves Pereira Júnior, membro da Câmara Temática de Educação Médica da Associação Médica Brasileira (AMB), classifica essa quantidade de candidatos como “muito alta, resultando em um problema logístico enorme, ainda mais a uma semana do Natal”.

O especialista também observa que, pelo aumento de candidatos aprovados nesta fase, é possível inferir que a primeira avaliação de 2021 foi mais fácil. “O rigor da prova depende de um bom processo de elaboração e revisão das questões teóricas e das estações de simulação de habilidades e clínicas. Isso fica a cargo da equipe técnica do Inep e dos membros selecionados para a Comissão Assessora de Avaliação da Formação Médica (CAAFM) e Comissão de Análise de Itens (CAI), que montam as provas de ambas as fases das edições do Revalida. Se há tempo hábil para a realização de todo o processo, a prova é muito boa, sem dúvidas. Se o processo é atropelado, aí a prova não é bem calibrada”, explica Pereira.

De acordo com ele, a última gestão do Inep, em 2020, ressuscitou o Revalida, que não ocorreu entre 2018 e 2019, seguindo todos os processos de elaboração na última edição. “Os membros daquela CAAFM não participam mais e houve mudança dos gestores do Inep.” Como efeito de comparação, o Revalida 2020 teve a sua primeira fase aplicada em dezembro de 2020 e a segunda em julho de 2021; enquanto o Revalida 2021 teve a sua primeira fase realizada em setembro último e a segunda ocorrerá já neste mês de dezembro.

O Revalida
O exame começou a ser aplicado em 2011, o que ocorreu ininterruptamente até 2017. Neste período, foram 22.447 inscrições, com apenas 4.461 médicos aprovados, uma taxa média histórica de 18,4%. Em 2017, a taxa foi ainda menor, somente de 5%. Voltando a ocorrer após três anos, a edição de 2020 recebeu 15.498 inscrições – sendo que apenas 2.402 (17,2%) foram aprovados na primeira etapa e 1.085 na segunda.

O Revalida é feito em duas etapas. A primeira é composta de uma prova com 100 itens de múltipla escolha e 5 questões discursivas a serem resolvidas, nas áreas de Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Pediatria, Medicina de Família e Comunidade e Saúde Coletiva.

Na segunda etapa, os candidatos fazem uma prova prática, composta de 10 estações simuladas de habilidades clínicas, com capacitação de pacientes simulados e de avaliadores para garantir uniformização, reprodutibilidade e fidedignidade da avaliação realizada em múltiplos locais simultâneos de aplicação.

Revalida “light”
Ao longo dos últimos dois anos, sobretudo com a pandemia de Covid-19, diversas autoridades e parlamentares aventaram a possibilidade de flexibilizar o Revalida, autorizando médicos estrangeiros e/ou brasileiros graduados em faculdades estrangeiras a aturem em território brasileiro sem aprovação no exame.

Em todas as oportunidades, a Associação Paulista de Medicina se manifestou contrária a todos os projetos dessa natureza, sempre exercendo pressão junto aos parlamentares. A visão da instituição, assim como a da AMB, é que quem não se submete a comprovar sua capacitação não pode praticar a Medicina aqui ou em lugar algum do mundo.

Sobre o tema, José Luiz Gomes do Amaral, presidente da APM, já afirmou: “Não há país no mundo que não exija para a prática médica em seu território a revalidação de diploma, processo que garante a qualificação profissional na área e, assim, a segurança das pessoas atendidas. No Brasil, o exame de revalidação, ainda que aplicado há vários anos, desde 2011, tem mostrado que a grande maioria dos egressos não logra aprovação”.

A revalidação de diplomas para profissionais formados no exterior, sejam brasileiros ou estrangeiros, é indispensável, de acordo com as entidades médicas, para a segurança e qualidade da assistência aos pacientes. Outro fator relevante é o de que graduados em faculdades nacionais também passem por exame para comprovar que estão aptos a exercer a profissão no País.

Por: http://associacaopaulistamedicina.org.br/noticias?especialidade=noticias-em-destaque