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Vacinação contra SARS-CoV-2 em Crianças

Dr. Geraldo Reple Sobrinho*

No Estado de São Paulo, morreram por covid-19, desde o começo da pandemia, 271 pessoas de 5 a 19 anos, sendo 43 crianças de 5 a 9 anos, conforme dados informados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, em seu boletim diário, atualizado em 24 de janeiro de 2022. No Brasil, morreram 1.022 pessoas de 5 a 17 anos, por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), por covid-19 (dados da NOTA TÉCNICA Nº 2/2022-SECOVID/GAB/SECOVID/MS). A despeito de serem números absolutos, o que não permite comparações ou análises epidemiológicas, comprovam que covid-19 pode causar doença grave e mortes em crianças e adolescentes. Ressalta-se ainda a ocorrência da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P) temporalmente associada à covid-19, que acomete crianças e adolescentes de 0 a 19 anos de idade. No Estado de São Paulo, foram registrados 345 casos de SIM-P, desde os primeiros registros em 2020 até as primeiras semanas de janeiro de 2022, com 4 casos com evolução ao óbito.

Portanto, embora a maior parte das crianças desenvolvam casos leves, é importante destacar que formas graves e óbitos podem ocorrer, sendo a vacinação um meio importante de prevenção desta doença na população pediátrica. Stanley A. Plotkin1 publicou artigo na revista Pediatrics, em junho de 2021, com o título “Considering Mandatory Vaccination of Children for COVID-19”, onde ressaltou diversos aspectos importantes da vacinação em crianças para o controle global da pandemia, além dos benefícios específicos para a população infantil.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece a importância da vacinação em crianças, mas destaca a premência em avançar na equidade de distribuição de doses de vacina contra covid-19 em todos os países, e tem como meta alcançar 70% de toda a população mundial vacinada em meados de 2022.

De modo geral, atualmente há cerca de 300 vacinas em desenvolvimento clínico em todo o mundo, nas mais diversas plataformas como por exemplo: Subunidade de proteína, Vetor viral (não replicante), Vírus inativado, RNA, Vetor viral (replicando), Vírus atenuado.

Na “Declaração provisória sobre a vacinação COVID-19 para crianças e adolescentes” da OMS, de 24 de novembro de 2021, consta que foram concluídos ensaios para duas vacinas inativadas em crianças de até 3 anos de idade (Sinovac-CoronaVac e BBIBP-CorV) e foram aprovados pelas autoridades chinesas para crianças de 3 a 17 anos. A vacina inativada com adjuvante desenvolvida por Bharat (Covaxin) foi aprovada na Índia para a indicação de idade de 12-17 anos. As autoridades reguladoras indianas aprovaram uma nova vacina de DNA (a ZycovD) para idades de 12 a 17 anos. Várias vacinas covid-19 estão sendo testadas em faixas etárias mais jovens (incluindo até 6 meses de idade), mas os resultados ainda não foram publicados.

A ANVISA aprovou a vacina Comirnaty® (Pfizer/ Wyeth) para crianças de 5 a 11 anos no dia 15 de dezembro de 2021, e em 20 de janeiro de 2022 aprovou a ampliação do uso da Vacina Adsorvida COVID-19 Coronavac para imunização na faixa etária de 6 a 17 anos, exceto para imunossuprimidos. As vacinas são de plataforma de RNA mensageiro e vírus inativado respectivamente.

Dessa forma, o Brasil passa a incluir no seu Programa de Operacionalização da Vacinação contra covid-19 as crianças de 5 a 17 anos, considerando as indicações de cada imunizante aprovado. Portanto, a população acima de 5 anos de idade (salvo situações em que a vacina é contraindicada) tem a possibilidade de se vacinar, e com isto espera-se diminuir a carga de doença grave e óbitos pela covid-19 no Brasil.

Desafios ainda permanecem, pois é necessário avançar nas coberturas vacinais com a dose adicional nas outras faixas etárias, além das incertezas que existem a respeito do comportamento da VOC Omicron, da resposta das vacinas atuais na prevenção da doença por esta variante e da possibilidade do aparecimento de outras variantes de preocupação.

Plotkin AS. Considering Mandatory Vaccination of Children for COVID-19. PEDIATRICS Volume 147, number 6, June 2021:e2021050531. Disponível em: https://publications.aap.org/pediatrics/article/147/6/e2021050531/180268/Considering-Mandatory-Vaccination-of-Children-for?searchresult=1

Dr. Geraldo Reple Sobrinho* – Graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina do ABC (1981) e mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Medicina do ABC (2003). Atualmente é Secretário de Saúde no Município de São Bernardo do Campo, Presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo – COSEMS/SP, Diretor Administrativo do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – CONASEMS, Coordenador do GT/ABC no Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Membro do Comitê de Contingenciamento COVID-19 do Estado de São Paulo e Professor Auxiliar da Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia na Faculdade de Medicina do ABC. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Saúde Materno-Infantil. Experiência na área de Gestão e Administração Hospitalar, foi o responsável pela implantação do programa de Saúde da Mulher no Município de São Bernardo do Campo – SP. Também foi Coordenador na Coordenadoria de Serviços de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, responsável pelos Hospitais e Unidades de Saúde da Administração Direta do Estado de São Paulo (2013-2016); Superintendente do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André (2001-2011) e foi Presidente da Fundação do ABC (1994-1995 / 2000-2001)