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Gestão de Clínica e consultório

A revista digital Notícias Médicas entrevista o presidente do SindHosp – Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo, Dr. Francisco R. Balestrin Andrade.

Abrir a própria clínica ou consultório é o objetivo de muitos profissionais da saúde. Ter o investimento inicial é, com certeza, o primeiro passo para a concretização do projeto, porém, não é o suficiente para o sucesso do empreendimento. Saber administrar, observando os diversos fatores que envolve o gerenciamento de um estabelecimento da área da saúde, é fundamental, especialmente quando se almeja alcançar a excelência. O problema é que o médico conclui a graduação do curso de medicina sem receber alguma noção de gerenciamento.  “Em toda grade curricular das faculdades de medicina, com raríssimas exceções, o estudante não tem contato com nenhuma disciplina voltada à administração, à gestão. E isso faz muita falta quando se pretende iniciar um negócio”, afirma o presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo – SindHosp,Dr. Francisco R. Balestrin Andrade, o convidado da coluna Entrevista desta edição da revista digital Notícias Médicas. Com muita expertise na área, Dr. Balestrin aborda os vários aspectos. Aproveite!

Como presidente do SindHosp (Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo), como o senhor analisa o desempenho das clínicas e consultórios?

Além de ser um segmento muito heterogêneo, é difícil avaliar o desempenho de clínicas e consultórios quando inexistem indicadores capazes de mensurar esses resultados e que, principalmente, permitam um benchmarking. Uma organização pode – e deve – ter suas próprias métricas de resultados, mas será que a minha performance é boa, quando comparada aos meus concorrentes? A construção de um sistema que permita essa análise esbarra em algumas dificuldades, a começar pelo fornecimento dos dados para essas comparações, que devem seguir uma mesma metodologia para que possam realmente ser comparáveis. A maioria das empresas do segmento são de pequeno porte e não tem, por exemplo, pessoal preparado ou em número suficiente para levantar e fornecer essas informações. Se buscarmos no mercado um indicador que avalia e certifica a qualidade do atendimento prestado por essas empresas, como a certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), também veremos que o número de estabelecimentos de saúde certificados ainda é muito baixo no país. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, o Brasil possui mais de 57 mil clínicas e 170 mil consultórios. No Estado de São Paulo são mais de 10 mil clínicas e 50 mil consultórios. Trata-se de um universo bastante significativo, importante para a economia e que retrata o perfil empreendedor do segmento. Mas de todos os estabelecimentos de saúde existentes no país, incluindo hospitais, laboratórios, empresas de atenção domiciliar e demais, temos apenas 1.009 certificações de acreditação, segundo a ONA. Desse total, 358 são paulistas, sendo 129 voltadas a hospitais e 65 para laboratórios. Ou seja, as clínicas ainda têm um longo caminho a percorrer e espaço para conquistar dentro desse mercado que diariamente se mostra cada vez mais desafiador.

Tem algum ponto que se destaque positiva ou negativamente?

Muitos médicos optam por ter sua própria empresa, seja uma clínica ou consultório. Um dos aspectos que considero negativo está na formação desses profissionais. Em toda a grade curricular das faculdades de medicina, com raríssimas exceções, o estudante não tem contato com nenhuma disciplina voltada à administração, à gestão. E isso faz muita falta quando se pretende iniciar um negócios. A maioria não sabe por onde começar. Os mais determinados acabam procurando cursos para complementar a formação, mas o fato é que as grades curriculares das faculdades de medicina não são revistas há muito tempo e precisam se adequar à realidade do século 21, inclusive com noções sobre o funcionamento do nosso sistema de saúde, o SUS. O ponto positivo que considero relevante está no perfil do novo médico. São pessoas que já têm intimidade com as novas tecnologias e isso facilita a inovação na saúde, principalmente em um momento em que a saúde digital desponta como estratégica para a interoperabilidade dos dados, para melhorar o acesso da população aos serviços de saúde e facilitar o planejamento e a gestão do sistema.

E quais são os desafios para se fazer uma boa administração?

Uma boa administração é fundamental para o sucesso de qualquer negócio, independente do seu porte. E desafios não faltam. Em linhas gerais, uma boa gestão precisa ter uma visão global dos cenários político e econômico e estar atenta às mudanças sociais e culturais, principalmente ao uso de novas tecnologias, pois se o comportamento das pessoas muda, as organizações e seus profissionais precisam acompanhar essa evolução. Isso, por si só, pode levar à necessidade de redesenhar o modelo de negócios. Uma empresa de pequeno porte, onde se enquadra a maioria das clínicas e consultórios, tem profissionais que executam múltiplas tarefas e estas precisam ser bem definidas e executadas para o sucesso do empreendimento. Por exemplo, uma boa gestão financeira, que gerencie o fluxo de caixa, controle custos e gastos, estoque, contas a pagar, saiba precificar os serviços e trabalhe dentro de um orçamento predeterminado, é fundamental. Da mesma forma, é importante gerir a agenda de forma eficiente e prática para o paciente, oferecer um atendimento humanizado e ter metas claras. Um bom marketing, que conheça o perfil do público que atende e pretende atingir, os riscos do mercado e que saiba fidelizar a clientela é outra ferramenta imprescindível atualmente para qualquer empresa que pretende se destacar e ter sustentabilidade nesse mercado tão competitivo. 

As tecnologias direcionadas à área da saúde avançaram muito. Ela é fundamental para o trabalho de uma clínica?

Sem dúvida. Hoje, por exemplo, as plataformas digitais permeiam o dia a dia das pessoas, facilitando operações e relacionamentos. Um exemplo simples e que afeta diretamente as clínicas: a importância de um sistema de marcação de consultas que seja prático e esteja disponível aos pacientes 24 horas por dia. É importante frisar, porém, que as tecnologias ajudam e hoje são estratégicas para qualquer negócio, mas um bom atendimento em saúde, uma boa consulta, precisa ter como base a confiança, a humanização. As tecnologias ajudam a melhorar a jornada e a experiência do paciente, mas não o fidelizam. 

Entre os vários aspectos que devem ser observados em uma gestão de clínica, o marketing, a recepção e a fidelização do paciente merecem destaque em um bom planejamento?

Claro que merecem, como já citei anteriormente. Mas quero ressaltar outros pontos importantes: a responsabilidade social e práticas de gestão que visem a sustentabilidade. Até pouco tempo, esses aspectos eram diferenciais. Hoje, são práticas obrigatórias. 

Dr. Francisco R. Balestrin Andrade – Presidente do SindHosp – Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo I 2020 – atual. Presidente do Conselho de Administração do CBEXs – Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde | 2015 – atual. Graduado em Medicina. Residência Médica em Administração em Saúde no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Especialista em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da USP. Especialista em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pelo PROAHSA, da FGV – Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas. MBA em Gestão de Planos de Saúde. Título de Especialista em Administração em Saúde pela AMB – Associação Médica Brasileira. Vice-Presidente Executivo e Diretor Médico Corporativo do Grupo VITA. Membro do Comitê Executivo de Gestão da IHF – International Hospital Federation (Associação Mundial de Hospitais) | 2017 – atual. Presidente da IHF – International Hospital Federation (Associação Mundial de Hospitais) | 2018 – 2019. Presidente do Conselho de Administração da ANAHP – Associação Nacional de Hospitais Privados | 2012 – 2018. Membro do Conselho de Administração da ANAHP – Associação Nacional de Hospitais Privados | 2018 – 2020. Membro do Conselho de Administração do ICOS – Instituto Coalizão Saúde | 2015 – atual. Diretor Adjunto do COMSAÚDE – Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia, da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo | 2016 – atual. Conselheiro Certificado do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.

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